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terça-feira, 27 de abril de 2010

QUERO IR MORAR NA ISLÂNDIA: LÁ NÃO TEM "CORNO"! (PARTE DOIS)



Quero ir morar na Islândia! - PARTE DOIS
LÁ NA ISLÂNDIA NÃO TEM CORNO!!!


Se o mestre Suassuna soubesse da minha triste sina, a de ser "Corno", teria inserido minha biografia no "Auto da Compacecida", junto com a de "Chicó".


MOTIVO Nº 02 - Para querer ir morar na Islândia!

Confesso: nasci com o destino de ser Corno, aliás, antes mesmo de nascer meu destino já estava traçado: ser Corno. Situação mais vexatória do que a do Cantor Falcão, Rei do Brega, Presidente dos "Cornos do Brasil"

Ele, o Falcão, não sabe da minha estória, caso saiba, renuncia e me entrega a faixa de "Rei dos Cornos", e o que é pior, sou o pior tipo de Corno que existe: "Corno sabido-manso-eleitoral". Sei que sou traido, mas continuo indo para a cama com as "damas", a cada campanha eleitoral.

Agora vocês descobriram meu segredo: "Sou um corno-manso- eleitoral". Fui fazer as contas e descobri uma conta absurda de vezes que já fui traido.
Tenho 60 anos de idade. Não descontado o período da Ditadura Militar, voto há 40 anos.
Significa 40 anos de eleitor que já votei em 20 eleições, majoritárias e minoritárias, uma a cada dois anos.

20 eleições, considerando:
Presidente,
Senador,
Senador-suplente,
Deputado Federal,
Deputado Estadual = (seis traiçoes há cada 4 anos)
Governador,

Prefeito.
Vereador = (mais duas traições há cada 4 anos)

A cada 4 anos sofro 10 traições, e a traição da pior espécie que tem, pois nem comi nada, nem ninguém.

Vejam meu record: 10 traições a cada quatro anos! Minha situação é pior do que a de Sofia Loren ou a de Madona.

Sou o maior Corno eleitoral no Brasil, estou cansado desta vida de Corno, de ser traido, de ouvir juras de amor e declarações melosas durante a campanha eleitoral, e depois as "Damas-da-Noite", com raríssimas e honrosas exceções, me largam no mais absoluto abandono:
sozinho;
andando nas estradas esburacadas;
sem merenda nas escolas;
sem médicos nos postos de saúde;
com uma carga tributária criminosa;
com uma aposentadoria indigna;
dormindo na chuva(ou seria "Dançando na Chuva"?) por falta de um teto;
Cheio de erros de português por não ter concluido o curso universitário;
com um salário mínimo aviltante e vergonho;
com a encosta do meu barraco desabando;
e sabem o que eles, os bígamos infâmes vão fazer?
Trair o meu pedido e a promessa de fidelizade que fazem, minha confiança, meu amor, e minha paixão e esperança de uma relação estável;
E pior, trair nos braços de uma vagabunda chamada "Corrupção", que mora e frequenta todos os palácios dos administradores públicos brasileiros, e toda a farra erótica, sensual, obscena que praticam é custeada com o meu dinheiro, ou seja, eu ainda banco a traição.

Por falar em barraco e encosta desabando, um aspecto interessante chamou minha atenção nas fotos do vulcão da Islândia (E15): Se aquele vulcão estive situado no Brasil imaginem a quantidade de barracos que estariam instalados nas encostas do vulcão!

Examinando as fotos não constatei a existência de um barraco sequer, e ouvi a explicação do vulcanólogo que o Jô Soares entrevistou: Lá na Islândia as autoridades possuem planos de contigenciamento que funcionam. Não há mortes por desabamento de encostas de vulcões, nem mesmop devido as explosões.

A população da Islândia é educada, preparada, tudo lá é planejado, executado com eficiência.

Decidi que quero votar em algum candidato na Islândia, para não ser mais traido e deixar de ser um Corno Eleitoral-Brasileiro.

Se você ajudar, vou para a Islândia, e quero votar lá de qualquer forma, em qualquer um.
Quero ir para a Islândia e se não der para votar para Presidente, Senador, Governador, Deputado, Prefeito ou Vereador, vou votar para síndico dos condomínios da Islândia.

Diariamente vou percorrer as Escolas da Islândia para votar nos membros dos Conselhos Escolares. Vou votar para presidente de clube de futebol, qualquer eleição, seja lá pro que fôr, eu voto, sem pedir nada em troca, só para sentir pela primeira vez na vida a sensação gostosa de não ser corno-eleitoral-brasileiro.

Dá nojo de ver como as "damas-da-noite" aparecem durante as campanhas eleitoras, dando beijos até em criancinhas, fazendo juras de amor eterno, de fidelidade bíblica, mas ... depois de eleitos.. deliciam-se nos braços da Messalina Corrupção.

Quando eu nasci, minha pobre genitora queria colocar o meu nome de "Cornélio". Meu pai não deixou: colocou Rui.
Mas a maldição da minha mãe perseguiu meu destino: mesmo sem o "Nélio", sou um corno-eleitoral.

Corno de carteirinha, Corno Compulsório, é uma tragédia que nem Dante imaginou para o seu "Inferno": Corno-sabido-eleitoral-compulsório-de carteirinha". AINDA PAGO MULTA SE NEGAR-ME A SER CORNO.
O título é pomposo, mas o trauma faria "Freud" desistir de ficar escutando o sonho dos outros.

Para que vocês tenham consciência da minha situação e todos tenham compaixão do drama que enfrento: "Sou Corno-Majoritário" e sou "Corno-Minoritário"!

RUI SANTOS DE SOUZA
Curitiba 28 de abril de 2010

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