Não é necessário que um cientista examine e diga o que é sangue, todos sabemos, desde o dia que nascemos, sabemos o que é sangue.
O Sangue da Terra tem cheiro e cor de sangue, inconfundíveis...
O Sangue da Terra está no ar, nos rios, nas florestas, na multiplicidade das espécies, no vento, no trovão, nos relâmpagos, na atmosfera, nas entranhas geológicas, nos oceanos, e é visível que a Terra está sangrando, por todos os poros...
Ouça os gemidos da Terra...
Sinta o sabor do Sangue da Terra...
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Escute os sussurros agonizantes das espécies...
Os golfinhos, a espécie mais inteligente na planetária escala evolucionária biológica, agonizam e morrem nas areias das praias escaldantes, desorientados pelas mudanças geomagnéticas...
As Baleias, sensíveis, alegres e extrovertidas, agonizam nos oceanos oxidados...
A diversidade dos pássaros, sufocados pelo ar irrespirável, dizimados pelo progresso humano...
Os elefantes, de ternura incomum, dependentes de laços familiares insuspeitáveis, murmuram seus gemidos nas savanas destruídas...
A Terra geme, agoniza convulsivamente, enquanto suas entranhas repercutem os ferimentos causados pela ação de uma espécie insana, que deveria proteger a sagrada e intocável natureza...
O Sangue das árvores é derramado no solo infecundo, devido a ação dos agrotóxicos...
Os oceanos transformados em sangue envenenado para todas as espécies marinhas...
As águas oceânicas, líquido amniótico de todas as espécies, escurecido, pegajoso e mortal, gerando um veneno mortífero, gases e fluídos nocivos, impregnado do petróleo destilado pelos furos nos leitos dos oceanos...
As biodiversidades dos manguezais e planaltos, afugentadas, sem destino, diante do avanço da ganância ilimitada de uma espécie insana...
Os ventos borrifam o Sangue da Terra na atmosfera, nas esquinas dos últimos dois séculos de invasão predatória dos espaços vitais, berços biológicos que a Mãe Natureza construiu ao longo de milhões de anos...
O Sangue da Terra está sendo derramado pela boca dos vulcões adormecidos, agora despertados pelo ruído ensurdecedor da invasão de uma espécie insana, que não respeita os deuses e divindades canonizadas até por outras espécies...
O Sangue da Terra jorra dos bueiros das estradas urbanas...
O Sangue da Terra brota nos rios poluídos, causando uma hemorragia irreversível...
O Sangue da Terra jorra nos bolsões de miséria e escravidão do Continente Africano...
O Sangue da Terra é despejado pela boca dos canhões em guerras que comprovam a bestialidade de uma espécie, que tem a ousadia de julgar-se semelhante ao presumido criador...
O Sangue da Terra, provocado pela impermeabilização dos sentimentos, e a destruição da capacidade de sentir a dor dos próprios semelhantes...
O Sangue da Terra, derramado pelas geo-políticas imperialistas, economias escravizantes, preconceitos bestiais, ideologias diabólicas, interesses econômicos e pessoais inconfessáveis...
O Sangue da Terra, derramado no altar das Pátrias Assassinas, e dos Deuses Sanguinários, que sacrificam e derramam o sangue de seus próprios filhos, súditos e adoradores...
Dia da Terra
Brasil, Curitiba, 17 de março de 2012 - 18h:00
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